Não trabalhamos somente pelo pão

  • 23 de fevereiro de 2010
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O trabalho que faz sentido é o trabalho que nos aproxima do que temos de melhor em nós e cuja manifestação no “mundo” faz diferença para as pessoas e para a sociedade em última instância.

Assim o trabalho deixa de ser obrigação pela qual tiramos o sustento, torna-se fonte de gratificação psicológica e neste sentido o trabalho pode ser um prazer.

Aliás as novas gerações tratam o trabalho assim: avaliam as condições materiais de realizarem seus sonhos e propósitos dentro do trabalho e não a partir dele.

Disto tenho constatado algumas consequências. Às vezes, nos muito jovens, uma baixíssima tolerância à frustração e uma expectativa enorme de que no trabalho se viabilize todo o sonho de vida e consumo. Outras vezes, os mais experientes confundem a própria vida com o trabalho. Esquecem-se de que esta associação poderá ser desfeita por qualquer das partes envolvidas, e assim o desligamento passa a ser percebido como fracasso ou perda de identidade, instalando-se uma profunda tristeza.

Não há nada mau em se demitir, ou em ser demitido, ou ainda em se enlutar pela perda do emprego.

Qualquer um de nós nesta modalidade de atividade, empregador-empregado, pode ser desligado ou pedir demissão. A questão toda é como o processo se desenvolve.

Nunca a demissão de uma pessoa é tarefa fácil, há sempre um sentimento de perda e frustração. Afinal tudo falhou e o único e último recurso de gestão a se lançar mão é o desligamento.

Agora a despeito desta adversidade toda, há muitas maneiras de se conduzir esta ruptura e algumas formas são mais adequadas que outras.

A demissão percebida como digna é aquela cujo processo indica que as pessoas são consideradas e tratadas com respeito. Ao contrário, nos processos impróprios de desligamento, as pessoas são tratadas como objeto de uso e depois descartadas sem nenhuma consideração por sua individualidade, presença e relacionamento.

As demissões que são profundamente desrespeitosas deixam marcas, não somente em quem foi demitido, mas nas pessoas que permanecem empregadas na organização, nas famílias, no grupo de amigos e colegas, enfim no entorno da comunidade na qual o demitido estava inserido. Um desastre!

Não vivemos somente pelo pão. O senso de estima e valor pessoal estão muito associados ao trabalho que fazemos e às relações que estabelecemos no trabalho.

Então há que se cuidar do desligamento de um profissional com a mesma atenção e rigor com que se contrata, pois os impactos de um desligamento mal feito reverberam por muito tempo nas organizações, com prejuízos ao clima interno de trabalho e consequentemente no orgulho de cada funcionário.

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